terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Fragmentos de um embrião - Pororoca (*)



Fenômeno interessante
Que luta por alguns instantes
Contra a Lei dos vasos comunicantes.
Choca-se nos barrancos,
Destrói plantas fixas e flutuantes,
Amedronta os viajantes
E espanta os peixes vagantes.

Ondas impetuosas,
Atrevidas e deslumbrantes,
Não aparecem a todo instante,
A não ser, na lua nova e cheia brilhante.

É um fenômeno passageiro,
Que não agride, embora grite,
Mas se grita, não grita sempre.

A valente pororoca
Que se desfaz constantemente,
Junta novamente
Os pequenos fragmentos,
Ajudando a natureza
A permanecer por muito tempo.

A pororoca é portanto,
Uma solteirona desgarrada
Que vive em busca do nada,
Aparece em semana alternada,
Adentrando-se nos rios enlameados
Desaparecendo ao longo de sua estrada.


(*) Vocábulo Tupi-Guarani, originário de "POROC":
arrebentar (POROC-POROC) - força de expressão.

Autor: Peulo Leite de Mendonça

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