Até o ano de 1967, quando Ludwig tomou posse da área da Jari, por compra do grupo português a quem pertencia, a área havia experimentado pouquíssimas transformações, em todos os sentidos, desde sua origem com o Coronel José Júlio de Andrade. A própria sede do Município, a cidade de Almeirim, só apresentava atividade de comercialização sazonal, na época do fabrico dos produtos nativos. A comercialização dos produtos continuava em grande parte feita à base de troca, onde dificilmente o produtor pagava em dinheiro.
Do ponto de vista físico a região encontrava-se, a bem dizer, intacta. A população vivia do extrativismo, sem nenhuma tradição de agropecuária que os levasse a efetuar derrubadas significantes, a não ser em pequenas áreas de plantio da mandioca para fabricar farinha.
A comunicação entre os diferentes locais era feita quase na sua totalidade utilizando os rios. Em alguns locais existiam varadouros (caminhos que os castanheiros utilizavam para escoamento da produção em lombo de burro) e algumas estradas com trafego precário. As empresas dos portugueses mantinha algumas fonias entre as filiais mais importantes como Arumanduba, Caracurú e Água Branca, tendo também comunicação com Belém pelo mesmo sistema.
Na realidade as filiais se constituíam nos poucos núcleos populacionais existentes na região. A localização destes núcleos na sua maioria era às margens dos rios Jari, Parú, Caracurú e outros, que compõe a bacia hidrográfica da área da Jari. Os núcleos populacionais do interior, como por exemplo a Vila do Bandeira, Braço, Bananal e outros ficaram localizadas perto de igarapés  tributários dos rios acima mencionados, más estes na sua maioria não eram navegáveis, sendo a comunicação feita através dos varadouros ou estradas em precárias condições.
No que tange à agropecuária, talvez devido ao monopólio das terras nas fases anteriores, (as fases que o autor se refere, é que antes destas terras serem da Jari, passaram por vários grupos empresariais) o município era totalmente semtradição no ramo. As várzeas que existiam próximas às calhas dos grandes rios, como o Amazonas e Jari, eram utilizadas pelos seus proprietários para criação de gado (bovino principalmente).
Os solos férteis existentes nas áreas fora das terras da Jari estavam distantes de Almeirim uma média de 100 a 150km, sem estradas de acesso além de estarem acima das Cachoeiras do Panamá (no Rio Parú) ou a de Santo Antônio (no Rio Jari), ficando muito difícil conduzir a produção de cereais ou frutas até onde os rios eram navegáveis, em face do risco de perder tudo por alagamento nas cachoeiras. Na realidade, a fase dos Portugueses já havia estradas contornando as duas maiores cachoeiras (Panamá e Santo Antônio, nos Rios Parú e Jari respectivamente), mas existiam outras cachoeiras rio acima.
O mercado de trabalho era, a bem dizer, inexistente. Além dos cargos de gerente das filiais, existiam os cargos de balconista, contador, caixeiro-viajante e o trabalho nas fazendas. O restante do pessoal era aviado pelas filiais, nas épocas do fabrico da castanha e borracha. Os gerentes recebiam uma parte do salário em dinheiro, os demais tinham conta corrente com a filial a que pertenciam e dificilmente pagavam em dinheiro. Como podemos ver, o sistema empresarial vigente naquela época não oferecia opções de emprego. Quanto ao vínculo empregatício dos funcionários, a maioria não tinha carteira assinada, deixando de receber os benefícios que a lei lhes facultava.
Voltando a falar da cidade de Almeirim, esta era deficiente em escolas e principalmente em saúde. Apenas uma vez por mês o médico do SESP lotado em Monte Alegre, Dr. Cid Fialho do Reis, vinha darconsulta. Além da cidade de Almeirim, existiam escolas em Arumanduba e nas outras filiais, mas não havia opções para o resto da população.
Como foi citado em parágrafos anteriores, no interior das áreas da Jari (correspondentes aos seus rios de água escura) a fauna íctica era pobre comparada com municípios vizinhos, mas a fauna terrestre era muito rica, principalmente de onças e gatos cuja abundância estava relacionada à também grande quantidade de outros animais silvestres, como veado, a anta etc. Atribuímos a riqueza da fauna terrestre herbívora à grande disponibilidade de frutas, como as da Maçarandubeira, Balateira e Catanheira. A atuação predadora dos carnívoros mantinha o equilíbrio.   
A floresta de terra firme, apesar de exuberante, era muito velha. O aproveitamento nas serrarias era muito baixo (em torno de 15%), principalmente de espécies como o Angelim, que na maioria eram ocos.    
Quanto ao solo, tomando como referência o Rio Amazonas pela margem esquerda, onde esta situada a Jari, os solos férteis estão bem para o Norte, já no limite das suas terras. Com exceção de algumas áreas como Nova Vida e Pacanari, o restante da área da Jari era constituído por solos de baixa fertilidade.
Em riquezas minerais, a região era rica em bauxita refratária e caulim. O ouro, de alta qualidade encontrava-se ao Norte das terras da Jari, entre os rios Jari e Parú.
A negociação de compra e venda da Jari entre Ludwig e os portugueses ocorreu entre outubro de 1966 e abril de 1967. Neste período os Portugueses desaceleraram as operações, dando continuidade apenas aos serviços essenciais à manutenção da Companhia. Como se diz na gíria, os Portugueses fizeram o negócio com a “Porteira fechada”, ou seja: venderam todas as terras do município de Almeirim (no Estado do Pará) e do Município de Mazagão (no então Território Federal do Amapá), além da frota de embarcações, vilas residenciais onde funcionavam as filiais, as fazendas, serrarias, fabricas de beneficiamento de castanha e os empregados, que estavam com dois meses de salários atrasados.
A nova Companhia regularizou a situação de todos os funcionários, não só assinando a carteira de todos, mas aumentando o salário de todos e aceitando o tempo de serviço baseando-se na própria informação dos mesmos. Havia casos de alguns que haviam começado trabalhar entre os dez a doze anos de idade, principalmente na área pecuária onde o garoto que vive na fazenda cedo começa a trabalhar.
A Jari Florestal e Agropecuária de Ludwig fez o primeiro pagamento a seus funcionários no dia 20 de Junho de 1967 e desde este dia até sua venda para outro grupo nunca atrasou o salário em um dia sequer.
Fisicamente, Ludwig recebeu uma área de 1.632.121 hectares sendo 1.174.391 hectares no Estado do Pará, Município de Almeirim, e 457.730 hectares no então Território Federal do Amapá, Município de Mazagão.
Nesta imensa área física Ludwig implantou diversos projetos, que iremos relatar e descrever na medida do nosso conhecimento. 
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